domingo, fevereiro 12, 2006

A melhor e mais rápida forma de conhecer Paris.


Esse o nome desse filme, de 1976. Feito com a Ferrari 275 GTB do diretor, Claude Lelouch, dirigida segundo explicações do próprio à polícia francesa (ele foi preso após o lançamento do filme), por uma amigo, "um piloto de Formula 1 da época", o qual a polícia francesa chegou a conclusão de que seria ou Jacques Laffite ou Jacky Ickx. (Meu irmão, que lembra bem dos dois correndo, disse que "é o Ickx, pelo jeito de entrar nas curvas é o Ickx").
Seja qual for dos dois, parecia estar bastante acostumado a fazer isso normalmente.
O filme ressurigiu a partir de uma reportagem do Corriere Della Sera, (tem um outro link pro vídeo, caso o primeiro não funcione), que tem uma boa expliação (sim, tá em italiano, mas dá pra entender).
Eu achei ele a partir do blog de um jornalista de automobilismo, o Blig do Gomes, onde tem um mapinha tosco com o trajeto. (a opinião geral nos comentários é de que era realmente o Ickx, que além de Formula 1 também pelotava em prótótipos e acho que rali).
Há também um site que calcula as velocidades no trajeto, na minha opinião levemente erradas para baixo. Eles consideram que a máxima foi em torno de 220km/h. Acho que deve ter chegado perto de 250km/h.
E por fim, um outro site, que diz achar que por cálculos atráves do google earth que a velocidade não passou de 160km/h, e que o filme foi feito com uma Mercedes e teve o som da Ferrari dublado em cima. O que, francamente, não procede.

...

Sim, eu fiquei com inveja. E sim, eu já dirigi desse jeito (ainda faço, quando o carro e as ruas permitem), como alguns de vcs devem já ter sentido. Mas eu nunca passei de 185km/h no velocímetro (~170km/h reais). Nem nunca tive o sangue-frio de cortar os semáforos dessa forma. Nem Aliás, eu sempre me aproveitei das seqüencias de verdes...
...Além de que, fazer isso em Paris parece infinitamente mais divertido.

Bauru...

Década de 60... Meu pai trabalhava na Varig.
E a Vasp, na época voava para Bauru.

Loja da Vasp, telefone toca:
"Alo, vcs fazem Bauru?"
"Sim, fazemos."
"Então manda 2, bem passados, aqui pra loja da Varig!"

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

26 de Janeiro (Hoje e Ontem VIII)

Quinta-Feira, 26 de janeiro de 2006

Hoje eu percebi que por mais que a idéia de colocar as fotos de anos passados no blog seja boa, eu não tenho como levar isso adiante. Toma muito tempo. E hoje foi o dia todo para preparar as atualizações. O fato de todas as minhas viagens terem sido na mesma época também não ajuda muito... teriam dias com fotos de 3 anos diferentes (e o limite de imagens por post é 8), ia ficar carregado demais.A partir de agora vai ficar mais esporádico. Não dá pra colocar tudo.Aliás, esse aqui já vai ser um post para o mês todo, dado o tamanho dele.
Segunda-Feira, 26 de Janeiro de 2004 - Em especial para a Paula (Que vai querer me matar)

Atrasei na minha conexão pra Nova York por causa de uma represália americana à represália brasileira à questão das impressões digitais na imigração, o que me fez perder quase duas horas na fila da imigração em Chicago.
Cheguei em Nova York por volta das 11h, temperatura de -10ºC (ficou nisso o tempo todo), tempo fechado e “flurries” (flocos de neve bem esparsos) caindo... E uma nevasca monstra (uma “blizzard”, termo que desconfio não tenha tradução para o Português. Mas por que teria? Em que lugar do mundo em que se fala português ocorrem blizzards?) a caminho
Peguei um ônibus para Grand Central e de lá um micro-ônibus (um serviço não muito regular, tive que esperar bastante) para a Penn Station, perto de onde havia uns hotéis que eu havia visto na internet com a preços aceitáveis, para de lá sair por aí com a mala na mão procurando.
O primeiro da lista vi no caminho, da janela do micro-ônibus, e tinha uma cara medonha, uns sacos de lixo amontoados na frente, uma demolição ao lado, e um árabe de barba enorme e túnica branca saindo pela porta. Além do fato de se localizar em uma rua de “fundo” (NY é complicada, apesar daquele grid uniforme parte das ruas serve com fundo de prédios... a 46th, dos brasileiros, é um exemplo). Resolvi ir para um Holliday Inn, mais confiável, que estava com a diária promocional de U$99 por ser baixa temporada (em alta passa dos U$330). E era até bastante fresco, daqueles com carregador de mala e tudo. De 8 a 80 em apenas U$ 20 dólares de diária. O boca de porco com árabes sairia U$69 ou U$79... Outro motivo para ter escolhido essa área para procurar hotéis é o fato de que o Hammerstein Ballroom ficava ali por perto, a não muito mais do que 1km do Holliday Inn. E haveria um show do Iron Maiden lá naquela noite (a 3ª de 4 noites em NYC), o que nos remete ao motivo da ida pra NY:
Alguns dias antes do show daqui de São Paulo eu entrei no site do Iron e descobri que em seguida ao show daqui eles tocariam em Quèbec e Montreal, exatamente no período que eu pretendia estar lá... Mas o cabeção aqui atrasou com a entrada no pedido de visto para o Canadá (atrasou com mais um monte de coisas), e ficaria impossível viajar antes do dia 25... Aí veio o show de São Paulo, do dia 17. E o som estava ruim, muito ruim. Ao menos da arquibancada, onde eu estava. Além da distância maravilhosa entre banda e público que só shows de estádio proporcionam...
Cheguei em casa revoltado. E fui direto pra internet, ver aonde eu poderia assisti-los depois. E as opções eram NY, e Los Angeles, sendo que em Los Angeles os preços estavam em U$35, e em NY67. Los Angeles me tomaria muito tempo de viagem, e não é exatamente um lugar que me atraia. Além de que é muito espalhada, o que talvez acabasse incluindo alguns muitos dólares de táxi na conta. NY por sua vez tudo pareceu factível, e os hotéis estavam com o menor preço em anos (em parte pelo 11/09, em parte pelo pior inverno desde 77 ou 94, dependendo do parâmetro). Além disso, estaria me arriscando, já que teria que comprar o ingresso na hora. Caso não conseguisse, em NY eu ainda teria pelo menos a cidade pra ver.
Depois de estabelecido (e de ter tomado um banho), segui para o Hammerstein Ballroom tentar comprar meu ingresso. Logo na 1ª esquina cruzo com dois russos (presumo que russos, podiam ser eslavos genéricos) vestidos com camisetas do Iron Maiden sobre os agasalhos.
Chegando ao Hammerstein não consegui abrir nenhuma das portas, e vendo um grupo que estava plantado lá na frente (3 meninas e 2 caras, nitidamente fanáticos, vestidos a caráter, com capas e encartes ao redor deles, esperando enrolados em edredons) resolvi perguntar se eles sabiam o que tinha acontecido. Acabei conversando com eles um tempo, especialmente com a mais animada das meninas, um loirinha com cara de Avril Lavigne e bochechas com sérias queimaduras de frio, e enquanto conversava noto duas coisas: A primeira é que meu cabelo havia congelado. Eu deveria ter usado o secador antes de sair do hotel; A segunda foi um homem abrindo uma porta que eu não tinha tentado. Entrei e comprei meu ingresso, apenas algumas horas antes do show. U$77, para o mezanino, mesmo preço que para a pista (U$67 de ingresso e U$10 da taxa de entrega da Ticketmaster, sobre a qual a mulher que comprava para o sobrinho na minha frente reclamou muito, já que ela hvia vindo pegar o ingresso.). Deu ainda pra dar uma olhada na pista, que estava aberta ao público...
Saí com o ingresso e um sorriso enorme. Dei um “tchau”, ou melhor, um “até o show” para o grupinho, com uma enorme pena das bochechas necrosadas da loirinha, e saí para andar pela cidade.


A pista. Foto tirada praticamente da porta, e com uma grande angular (24mm), que faz tudo o que está distante parecer muito menor.


Acabei fazendo um itinerário meio bunda... fui indo para o norte alternadamente entre a Park Avenue e a 5th, com o intuito de chegar até o Guggenhein. A primeira parte foi muito interessante, mas depois foi quase uma hora de caminhada até o Guggenhein sem nada de interessante ao redor, exceto um Central Park cinza e congelado de um lado e prédios de zilhardários do outro.
Mais uma vez vez tempo perdido de viagem por uma curiosidade arquitetônica. E cheguei tarde demais ao museu, já depois das 17h, e caso entrasse iria me atrasar para o show. Então apenas o fotografei por fora e peguei um ônibus de volta para o sul.


Park Avenue, foto tirada da calçada do Seagram Building, olhando para o sul.


O Seagran depois de eu ter sido barrado pelos seguranças (tinha que marcar a visita).

Hotel, banho, e por volta das 19h estava saindo para comer um bagulho e seguir para o Hammerstein, que abriria as portas às 20h. Comi um hambúrguer em um “Wendy’s” (mais um desses concorrentes do Burger King) a menos de uma quadra do Hammerstein, entupido de metaleiros que tiveram a mesma idéia...

De lá fui direto para a fila. Enorme e bagunçada, como nos shows daqui, mas com barracas de prezels em volta. 30min de fila (com gente de outros estados e outros países) e eu estava dentro. E consegui o lugar central do mezanino, na 2ª fileira exatamente em cima da mesa de som, porque na 1ª fileira, esse lugar, que um dia anterior foi ocupado por uma besta que acabou com o show derrubando cerveja na mesa de som, já estava ocupado.
Nisso dois caras sentam atrás de mim, e vendo o palco ali perto, visão perfeita, soltam o típico comentário americano: “Men, we’re all winers here!”. Alguns minutos depois eu estava conversando com eles, provavelmente por causa do set list, e comentei que havia visto o show daqui. “You saw then in Pacomboo?” perguntou um deles, tirando os agasalhos para mostrar que estava usando uma camisa da seleção brasileira. Ouvindo isso, o sujeito da frente, que havia pego o melhor lugar, vira pra mim e pergunta e sou brasileiro. Ao ouvir o “yes” ele fala, em português perfeito, mas com sotaque medonho: “Eu fiz meu mestrado sobre o Brasil. Ou melhor, sobre o Mercosul.”Os shows: A abertura: Foi de um grupo sueco que eu nunca tinha ouvido falar, o Arch Enemy. Um bando de cabeludos tocando algo bastante barulhento. Até entrar a vocalista, uma loirinha magrinha...
...Que cantava com voz de demônio. Mas tudo até que aceitável, afinal eu não fiquei irritado nem com dor de cabeça durante esse show.O público assistiu de forma extremamente comportada. Mas ao final do show, quando a banda agradecia, em um razoável silêncio, alguém gritou do fundo do mezanino: “Take your top off!!!”.
Gargalhadas gerais... E deveras... O show teria sido muito melhor se a vocalista tivesse seguido a sugestão.

Intervalo: Dormi. Devo até ter roncado, afinal eu estava podre de cansaço.

Iron: Exatamente o mesmo show que havia sido tocado no Pacaembu. Com a diferença de que ele se enquadrava perfeitamente para um lugar fechado e pequeno, como esse (~3000 pessoas), e ficava perdido no Pacaembu... Som perfeito (mesmo para um lugar fechado), e a melhor música que eu já vi ao vivo, “The Trooper”, com gente na pista sendo carregado e voando para todos os lados.
Ao final do show (final mesmo, depois do bis), comemoraram o aniversário do Janick Gers, com uma guerra de bolos estilo pastelão (ok, talvez tivesse sido mais divertido ver isso da 1ª fileira, mas ia fazer meleca).
Saí do show com um sorriso enorme... Uma maluquice que tinha dado certo, e algo que eu teria pra esnobar... Apesar de que durante certos momentos do show eu quis que tivesse alguém comigo compartilhando a diversão. Está entre os melhores shows que vi.

Do lado de fora os flurries haviam se intensificado, sendo quase uma neve fraca, mas insuficiente para acumular, fazendo apenas um “pózinho” nas calçadas. Comprei um prezel na 1ª barraquinha que achei, enfrentando alguma fila. Daqueles em forma de W, enrolado, que normalmente são medonhos, mas esse estava bom... Mas isso talvez porque fizessem quase 7 anos que eu não comia um... Quente na primeira mordida. Bom na segunda. Morno na terceira. Frio na quarta. Gelado na quinta. Congelado na sexta mordida e o resto do pretzel (+ou- 1/3) eu deixei na lixeira, para não arriscar os dentes.E a nevasca prometida não chegou a NY nem no dia seguinte, mas encontrei-a em Washington DC, onde precisei dormir no aeroporto... Mas isso fica pra outro post, em algum outro momento.

Sim, eu guardo meus ingressos!


Criança com cara de alegre no banheiro do hotel depois do show...

Domingo, 26 de janeiro de 2003

Cheguei em Paris, na Gare du Nord, no começo da tarde, sem ter a menor idéia de para onde eu iria. Havia desistido de ir para Strassbourg (eu pretendia seguir para lá originalmente), pois os trens para lá saiam da Gare de L’Est, e meu cansaço e meus pés doloridos começavam a me derrubar (descobri depois que a Gare de L’Est era imediatamente ao lado da Gare du Nord). Precisava agora então encontrar, a pé, um hotel não muito caro e confiável. Olhei o mapa da estação e, no melhor estilo tosco, segui para um lugar que achei que encontraria salvação. Uma rua de nome “Rue des Petits Hotels”.

Ao por o pé na rua tive minha primeira visão de Paris, e seu povo. Mas ela não foi lá das mais animadoras... Uma loira, bonita, de repente vira e grita algo para alguém do outro lado da rua, de uma forma bem grosseira, para depois escarrar no chão...

No 1º hotel que parei, já na "Rua dos Pequenos Hoteis", fui atendido por um argelino com cara de esperto, que conversou comigo em inglês e não parou de falar em futebol quando soube que eu era brasileiro. Me ofereceu um quarto a 30 euros, e quando eu disse que ainda precisava olhar os outros hotéis, a resposta foi: “Go see the room. Go see the room. For you, 30 euros. Normal price is 70 euros, but I liked you. For you, 30 euros.”
Acabei indo ver. Cama de casal, banheiro no quarto, menos do que eu achava que iria pagar num quarto individual sem banheiro, ale´m de que eu já estava cansado demais pra procurar.


Minha primeira foto de Paris.


O hotel dos árabes terroristas...

Depois saí para andar um pouco pela cidade e comer. O único lugar que achei aberto foi um restaurante turco, no qual os donos assistiam gritando (em turco) uma corrida de cavalos na tv. Mas até que bem freqüentado. Com uma considerável dificuldade de comunicação pedi um kebab, o churrasco grego. E estava bom, apesar do carneiro parecer muito engordurado e sobre-cozido. Mas bom mesmo estava o grão-de-bico e o molho de yogurt para o buffet de saladas, que era coma a vontade...


...


Esse hotel de argelinos saiu barato, mas me causou algum stress...
Todas as noites um grupo de argelinos se reunia na recepção, como se tramassem algo. O que me aceitou aparecia apenas aos domingos (só o vi no domingo que cheguei e no que fui embora). Não vi outros hóspedes, e no sábado à noite, quando tentei pagar, fui repelido pelo grupo com um “Pay tomorrow!”.Vai saber...