terça-feira, outubro 10, 2006

Outro Outubro, Outro Acidente.

Quarta – Feira, 04 de Outubro de 2006.


Volto para a casa de um levantamento em Pompéia. Com pressa, porque pretendia ir à FAU ainda. Um trânsito infernal no eixo Av. São Luiz – viaduto Maria Paula – Viaduto Jacareí – Pça João Mendes.
O tempo aperta.
Na Aclimação encontro um Corsa Sedan preto, modelo novo, 1.8, andando muito devagar e em zigue-zague. Não me deixa passar. Finalmente acho uma breca em um farol, e paro ao lado, na expectativa de ultrapassa-lo no verde (noto que ele estava comendo um sanduíche enquanto dirigia). Mas o cidadão acha que eu estou querendo tirar um racha, e acelera ao máximo na abertura do semáforo, me fechando e praticamente me jogando dentro de um dos restaurantes koreanos. Ainda emparelho com ele em outros 2 semáforos, sendo fechado em ambos. Até que em um terceiro acho uma brecha corto diversos carros, o idiota do Corsa preto junto.
Sob outras circunstâncias teria descido e partido pra ignorância, mas eu estava com pressa.
...

Em casa comento a dificuldade que estava dirigir naquele dia.
Uso o banheiro, pego minhas coisas e parto pra FAU.
Eram 17:30, e eu teria pouco mais de 40min para chegar e encontrar minha orientadora, a Anália, sem depender da sorte.
...

Ao entrar na Aclimação o filme começa a se repetir. Dessa vez uma Parati 1.8, pertencente ao programa “Hora do Renascer”, da Rede Vida ou Rede TV, sei lá. E dessa vez em uma seqüência de ruas de duas mãos e faixa única, onde não havia espaço para passar. Em determinado momento chegamos a uma caçamba de entulho. A Parati sai para a contra-mão para se desviar dela, e por lá fica por uns instantes. Isso perto de uma bifurcação. Parecia inclusive que pegaria uma rua à esquerda na bifurcação. Vejo o espaço e acelero, de uma vez, para passar. A Partati acelera levemente, e volta de forma brusca para a faixa da direita, direto sobre mim. Travo os freios o jogo o carro o máximo possível para a direita, para evitar a batida. Evito a batida com a Parati. Mas não evito de perder meu espelhinho em uma árvore tombada par adentro do meio-fio. Nem de rasgar meu pneu em um pedaço quebrado da guia, justamente sob a árvore.

Mesmo sem pneu ando mais alguns metros com o carro, até achar um lugar decente para parar. A Parati pára logo à frente. E aí a coisa realmente começa.

Desço do carro. Creio que não preciso descrever como estava meu humor. Vendo o motorista da Parati sair do carro já digo:
-Porra, vc sai pra contra-mão assim, na hora que vc quer, e depois volta sem olhar, joga o carro em cima de mim?
O motorista da Parati mal chega a dizer alguma coisa, um moleque, com cara de brasileiro (esse moleque vai se mostrar o maior imbecil da história), que depois descobri que trabalhava um lava-rápido perto o interrompe dizendo em voz alta para mim:
-Você está errado, você está alterado, você estava ultrapassando pela direita.
(Pelo jeito, para brasileiro, qualquer sinal de irritação ou reclamação se torna uma alteração, uma insaniade temporária. Ao falar ríspido você se torna um louco. Não importa o que você fala, a ríspidez deve ser um sinal de loucura...)
-Eu estava na única faixa que havia. Simplesmente o cidadão saiu para a contra-mão e jogou o carro em cima de mim.
Nisso o 4º Poder começa a se manifestar. As outras 3 pessoas que estavam na Parati começam a me acusar, lideradas por uma mulher de aparência nordestina, cheia de empáfia, vestida com blusa de lã e blazer em um dia tórrido.
Essa mulher pega o telefone, e diz a todos que estavam em volta (nesse instante uma pequena multidão havia surgido em volta) que ia chamar a polícia.
Em meio à multidão chega uma senhora, também de pele escura e aparência nordestina, dizendo que eu quase a havia matado, que “se não fosse pelo poste você tinha me matado”.
Isso apimentou o 4º Poder. E eliminou qualquer chance minha de reaver meu prejuízo financeiro.
Agora os integrantes do carro começavam a me acusar. Eu me tornara o “feroz arquiteto do mal”, que dirige em alta velocidade sobre as calçadas atropelando velhinhas.
A mulher do blazer e da empáfia diz a todos (em voz alta) que chamou a reportagem, para “filmarem as provas”, e que a polícia que estava vindo era na verdade um policial à paisana que acompanhava a reportagem.
Começo a trocar o pneu, no intuito de acabar à tempo de chagar à FAU. O motorista da Parati (uns 45 anos, também feições “brasileiras”) começa a me ajudar, demonstrando constrangimento com a situação. Ao fundo a Senhora histérica conversa com a mulher arrogante de blazer, que responde que a polícia já viria e tudo ficaria certo. O feroz arquiteto do mal encontraria sua punição por tentar matar velhinhas com seu carro. (ou seria a punição por ter cruzado o caminho dos formadores de opinião, o 4º Poder, o 1º Poder Paralelo?).
Me vendo trocar o pneu o moleque do início da história, me puxa, dizendo:
-O que você está fazendo? A polícia está vindo aí, você não pode mexer nas provas.
Agora haviam provas. De um crime. E eu não poderia macular a cena do crime. Eu era um assassino de pedestres, o feroz arquiteto do mal, e tinha no meu pneu rasgado a prova de meu crime.
O ignoro e continuo a troca. O motorista da Parati me ajuda até o final. E, apesar de péssimo motorista, se mostra a única pessoa minimamente decente na situação. Ao menos até falar, em relação ao acidente:
-Ah, mas eu to com o carro da empresa, aí não tem problema...
Claro. O carro da empresa é o álibi para que ele possa cometer a barbaridade que quiser no trânsito. Afinal a responsabilidade financeira não é dele.
...

Encerro a troca de pneu e segue cada um para seu lado. O motorista da Parati pareceu não querer ficar para B.O.s e similares. Fica por isso mesmo, sem polícia sem nada.
Ainda tento ir para a FAU. Mas já estou atrasado. Não há mais garantias de que eu encontre minha orientadora (a Anália) por lá. Resolvo telefonar. E descubro que o telefone da Anália não está na memória do celular. Ligo para a Paula na esperança de que ela estive3sse na Fau e pudesse avisar a Anália. E ela me responde, óbvio, que não tinha ido para a FAU porque não tinha feito nada. Resta a Larissa. Mas o número que eu tenho é da pré-história.
Sem contatos desisto e volto. O prejuízo foi total.
E com isso (e com uma suposta viagem da Anália até o meio de novembro), o TFG vai ficando para Julho.
...

Na sexta volto para tirar fotos do lugar. E o moleque imbecil esta por lá. E se mostra ainda mais imbecil.
Primeiro diz que “aqueles caras são foda, já deram prejuízo para a gente...”
Estranho... ele não ficou do lado “daqueles caras” depois do acidente?
Depois me pergunta: “Mas onde você bateu?” E aí quando eu digo, apontando para antes da curva, em um lugar fora do campo de visão, ele diz “Ah... eu não vi lá”. ”Claro que não viu. Eu sei que você não viu. Pelo que você falava estava claro que você não viu.”
Não viu, mas veio acusando. Afinal é fácil acusar a partir do que não se sabe. E é fácil tomar o lado que tem mais gente.
...

Eu sempre digo que nós vivemos em uma Terra de Idiotas. Mas em determinados dias eu recebo provas fortes disso. Mesmo sem pedir.

O rasgo no pneu, causado pela guia quebrada.


Espelhinho, depois de remontado, com todas as suas trincas.


A árvore avançando para o meio da rua e o pedaço quebrado de guia. Ela perdeu uma casca no lugar que o espelhinho acertou.

A visão que eu tinha ao começar a ultrapassar era mais ou menos essa. Com as diferenças de que eu estava muito mis próximo à Parati, e ela estava com as 4 rodas na contra mão, e não apenas meio carro, como esse Escort. A árvore em que bati está lá embaixo, no vértice da esquina.


A visão do idiota, que saiu dizendo que eu era culpado. Notem que o muro amarelo que se vê quase de frente na outra foto está paralelo ao eixo da imagem nesta. E que a árvore em que bati não é visível.

13 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Gente idiota existe em qualquer lugar... Mas por alguma razão Aclimação e Jd. da Saúde são um oásis... Agora pense no lado positivo: pelo menos você não arranhou a Parati e tentou sair de fininho quando apareceram essas 4 pessoas de acusando.

3:21 AM  
Blogger Ros said...

Jd. da Saúde tb?
E Moema. Vc esqueceu de Moema.

E eu devia ter riscado não a Parati, mas os 4 que estavam dentro dela (e o moleque idiota do estacionamento).

9:01 AM  
Anonymous Anônimo said...

MINHA NOÇA CINHORA

Ros, eu tenho medo de vc

Já pensou, eu, velhinha, curvada, caminhando serenamente pelas ruas de São Paulo, quando de repente... ele! o Feroz Arquiteto do Tinhoso!!! O Endemoniado Motorista do Corsa Desgarrado!!! O Condutor da Barca do Inferno!!!!! Se eu fosse aquela velhinha tinha chamado um exorcista, não a polícia, hauhauahuahuahauhauahu

Caracas, falando sério, vc assistu a tudo quieto? porque eu já tinha baixado o Exu Caveira!!!! E mandado todos tomarem nos seus respectivos cus! Eu ainda tô besta com essa gente, que quando se junta parece um bando de macaco de zoológico! Afff

E que história é essa de viagem do Analião??? pela santa!!! Vou à FAU na segunda, se sobreviver ao feriado. Vamos?

10:28 AM  
Blogger pita said...

o fato é que não depende da cara das pessoas. podia ser um ômega com 7 executivos dentro que ia ser a mesma merda. mulheres no carro são que nem gente esnobe (como vc mesmo falou, o único com a cabeça "mais" no lugar era o motorista).
agora, tenho certeza de que vc só parou pq rasgou o pneu. não foi pra se meter com eles, foram as (escandalosas) mulheres que compraram a briga. não sei o que deu na cabeça deles quando te encheram o saco pq vc ia trocar o pneu...

12:10 PM  
Anonymous Anônimo said...

-A bruxa está solta em São Paulo. Acho que o risco é maior nas ruas de bairro, não importa o bairro. Aparentemente, se não é avenida, é terra de ninguém. E não existe meio termo, todos dirigem como velhinhas ou como desvairados.

-O Pita está certo quando diz que podiam ser executivos num ômega. Dá pra achar explicações pra esse comportamento em qualquer estereótipo social, cada um com seus cacoetes, mas no final é só preconceito reforçado pela situação. E eu tb tenho preconceito, hahaha. A verdade já foi dita pela vó da Thábata, todo mundo é idiota.

-Todo mundo deveria mudar a dieta para proteína de soja e broto de feijão.

-Alguma coisa mudou no modelo do seu blog que deixou as letras mais gordas? O post atual tá certo, mas todos os antigos parecem em negrito agora. Pelo menos no meu browser.

12:44 PM  
Blogger Ros said...

Velhitas,

Até vc está com medo de mim? Poxa vida... vc não devia ter motivos pra ter medo de mim... ao menos não por causa do meu acidente, MUAAAAAAAHUAHUAHUAHUAHUAHUA...

...Mas eu fiquei muito puto. Só em determinadas horas não há o que fazer. É aí que entra a calma que falei no blog do Pita (apesar de que ficar calmo não muito comigo).

10:24 PM  
Blogger Ros said...

Pita,

Na verdade se fossem executivos em um ômega não seria a mesma coisa. Eles até poderiam ser cretinos, mas nenhum pegaria o telefone pra chamar a TV e diria em voz alta para a multidão que "a TV está vindo e junto vem um policial a paisana" pra fazer justiça.
Esse tipo de cretinice é único. É de quem se acha dono da verdade.

E quem veio falar pra não trocar pneu foi um moleque idiota que trabalha num estacionamento perto, e não um dos integrantes da Parati.

10:26 PM  
Blogger Ros said...

Paulo,

Acho que a "bruxa solta" chama-se eleição.

Eu não me vali de preconceitos para descrever a cena. Eu descrevi apenas o que aconteceu, e as pessoas como elas eram. É evidente que eu não vou descrever de forma agradável uma pesoa que se mostrou um lixo.

E eu não concordo com o dizer da avó da Thab. A questão da idiotice normalmente se liga à falta de respeito e ao abuso de poder (que no fundo são a mesma coisa). Foi exatamente o que ocorreu no meu caso e no do Pita da semana passada.
Mas em determinadas culturas as noções de respeito parecem variar entre o vago e o nulo.


P.S. Não mudei nada no blog. Durante uma época o blog da Paula aparecia aqui em casa com o mesmo problema. Deve ser algum bug do Template. (e no Mozilla os links aparecem totalmente diferentes do que no Firefox... sei lá que bug que dá no firefox...)

10:39 PM  
Anonymous Anônimo said...

nossa, depois de + de 1 mes volto e vc me faz ficar irada.
putz grila, meu!!!
me lembro bem, primo. epoca de TFG foi a epoca mais estressante pra dirigir. eu sempre amei estar no carro atras do volante mesmo pq me considero (assim como todos os Ros) melhor q a media e isso eh fato. nenhuma multa. nenhuma batida. sorte? sem duvida mas, habilidade tambem. enfim... SP estah cada vez mais dificil pra se dirigir.
sempre tive total confianca com vc dirigindo nas poucas vezes q fui sua passageira. nem preciso dizer mas, dizendo: nao tem como ter sido sua culpa.
agora, eh incrivel a falta de dissernimento, falta de profissionalismo...
pq profissionalismo? o individuo estava dirigindo com o carro da empresa, certo? o q isso significa??? o preju nao eh dele?? certo e errado, aih no Brasil. se fosse aqui a resposta seria errado e pronto. pq certo? claro, a cia paga pelo custo do conserto e fica por isso mesmo. errado? sim, errado pq aquele individuo estah (querendo ou nao) representando a tal cia.
sendo um terceiro na historia e ouvindo o cara menosprezando o ocorrido pelo fato de nao estar em carro particular me faz pensar: q empresa eh essa? confiavel? todos idiotas iguais?
gente, aqui isso nao ocorria. e, se acaso o cara entrasse num acidente (batida ... tudo a mesma coisa), primeiro, ele tentaria resolver com o outro motorista da melhor maneira possivel, afinal, ele eh um represente comercial. nao faria qualquer tipo de comentario mediocre pq serah usado contra ele. segundo, ao voltar aa empresa, seria demitido. pronto. simples.
agora, suponhamos q essa empresa da parati treinasse os seus funcionarios da mesma forma. bateu, demissao. serah q o zezinho agiria da mesma forma??? seria ou nao mais cuidadoso???
eh questao de respeito, moral, civilidade e profissionalismo. por isso, acho um erro absurdo tirarem das escolas a materia de Educacao Moral e Civica. deve ser ensinado sim. porem, deve ser exemplicado tambem.
a socidade brasileira tem muito o q mudar; se mudar.

11:14 PM  
Anonymous Anônimo said...

ops, erro de portuga: ocorreria.

11:16 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu é que nao pego mais carona com voce...
Mas e verdade que as pessoas acabam sendo ignorantes por falta de opcao. E como eu sempre digo... e mais facil assim. Dificil e ser coerente, ou melhor... se colocar no lugar da outra criatura.
Mas chegaremos la um dia.
... e voce sabe que me irrita com essa historia de "cara de brasileiro". Coisa mais preconceituosa! Voce é brasileiro, sua cara também é de brasileiro... quer voce goste ou nao.
Pronto, falei. E como vao as coisas por ai?

12:45 PM  
Blogger Ros said...

Erika,

Aqui tb funcionaria assim, "bateu demissão" Mas na prática não é assim que funciona. Além de que: 1) Ele não bateu, ele me fez bater.
2) Os colegas dele me consideraram culpado. Ou seja, mesmo que tivesse batido ele não teria problemas.

4:07 PM  
Blogger Ros said...

Thab,

Eu sei qye é uma descrição meio ruim, especialmente porque leva a confusões asquerosas fora do país. Mas não foi uma descrição preconceituosa. Foi apenas uma descrição.
Não é branco, não é cara de nordestino. É cara de brasileiro genérico, pele morena, cabelo preto encaracolado e feições arredondadas. Não é cara de marroquino, de latino-americano, de português ou sei lá o que. É um tipo de feição que só se encontra em brasileiros.

E eu não dei a mínima pra aparência deles. E não me importa. O que me importou mais na história foi o controle a a manipulação da história por conta da "repórter".
Ela poderia ser ruiva de olhos azuis que ia ter me deixado irritado do mesmo jeito.

4:12 PM  

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