segunda-feira, abril 09, 2007

Monte Verde, 01 Abril 2007 - Parte 3/5 - Como Reconhecer um Idiota

O Idiota e a Adriana, a namorada.




Prólogo:

O Pedro sempre chama todos os conhecidos dele quando a gente marca alguma ida a Monte Verde, e de vez em quando algum tonto aceita. Dessa vez veio uma amiga dele, a Adriana, acompanhada pelo namorado (o Idiota em questão), cujo nome é Heitor.
Antes de encontrar com os dois o Pedro avisa que não conhece o cara. “É músico, acho que guitarrista e vocalista, sei lá...”

E eu cheguei a conclusão de que para identificar um idiota basta ver se ele tem atitudes semelhantes as descritas adiante...


...



Capítulo I - Entrando no carro:

Os dois entram no carro e o cidadão já começa a cantar tudo o que tocava no rádio (Kiss FM). Ou melhor, tudo não, só as coisas ruins. Por exemplo, “Don’t Stop Me Now” do Queen e alguma tranqueira do Jimi Hendrix ele cantou... “Wiser Time” do Black Crowes e “This Time Around” do Deep Purple ele ignorou...
E não foi uma mera questão de ser chato... O cara cantou tudo torto, completamente tosco, digno de alguém totalmente sem noção.
Depois de um tempo o Pedro resolve puxar conversa:
-Ô, a Drica falou que você é músico... Quê que você toca?
-Ah, então, eu acabei de gravar um cd, e eu canto, toco violão, baixo, piano e faço percusão... Só a bateria que não rolou...
-Mas que estilo que é?
-Eu faço rock brasileiro com influências regionais.
(silêncio no carro...)
Depois o cara continuou falando que vida de músico é difícil, que gravar o cd custou caro e deu trabalho, e que agora ele não quer mais trocar em bar e restaurante, que fazer algo que dê dinheiro...
E eu, sem ter entendido porra nenhuma do que ele falou, desde a parte da gravação do cd, resolvi perguntar:
-E com a bateria, como você fez?
-Pô, então cara, essa parada aí não deu pra resolver... Ficou sem, só na percursão mesmo.


O cd deve ser boooommm...



...



Capítulo II - No caminho I – O Mercury V8 do Freddy Mercury

Antes de entrar na marginal o Pedro comenta comigo que enquanto estava trabalhando num galpão da Infraero chegou uma leva de Mercurys antigos, da década de 70, e me mostra no celular a foto de um deles. E eis que o Idiota intercepta a conversa e diz:
-Mercury, nunca ouvi falar nesse carro. É o carro do Freddy Mercury, não é?
Na seqüência a gente tentou explicar... mas desistiu.



...



Capítulo III - No caminho II – A cabeça da Britney Spears.

Saindo da Fernão Dias e entrando na estradinha que vai para Monte Verde ouço ele comentando com a namorada que havia visto numa Contigo (porra, Contigo??? O “músico” lê Contigo???) que a Britney Spears tinha raspado o cabelo. Depois de alguns instantes de diálogo fútil com a namorada ele pergunta, falando alto:
-O que será que passou pela cabeça dela?
E eu, da frente, respondo:
- A máquina.



...



Capítulo IV - Começando a trilha.

Quando começamos a subir o cidadão começa a falar algumas diarréias mentais, do tipo “Esse lugar é muito lindo”, “Esse nosso Brasil é realmente muito lindo”, e outras papagaiadas do tipo.
Até que, em meio aos “Esse nosso Brasil é mesmo cheio de coisas” ele solta “Essa é a melhor coisa que eu faço em meses”.
E nessa hora eu fiquei com profunda pena da namorada dele.



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Capítulo V - No meio da trilha – O Inferno do Ignorante, digo, de Dante

A trilha que a gente percorre passa por dois picos, e a saída do 1º pico passa por uma baixada cujo terreno é uma profunda lama preta (que dessa vez estava seca... parecia uma espuma...)
Eis que o cidadão, ao passar pela lama preta fala:
- Olha, isso parece aquela coisa daquele livro, que diz que no inferno as pessoas ficam afundando na própria bosta.
Eu, tentando entender a referência, respondo:
- Você se refere a um dos níveis do Inferno de Dante?
- É, é, acho que é. Ô eu queria ler isso, fazer um disco baseado no livro... O nome do livro é esse? Não é, né? Como é que é? “Céu e Inferno”? “Deus e Diabo”?...
Eu, me segurando para não responder ‘é, é ”Deus e o Diabo na Terra do Sol”, sua besta!’, digo:
- A Divina Comédia.
- Isso! Acho que é!


Daí em diante ele começa dizendo que quer ler o livro par afazer um disco baseado no livro, que o Sepultura já tinha feito isso e etc. E emenda na conversa (estou obviamente resumindo o diálogo, mostrando apenas as maiores barbaridades) dizendo algo como “Eu admiro Iron Maiden por eles fazerem as músicas baseado em livro. Se não seria só gritaria.” (Puta que Pariu! O retardo se diz músico! E me vem com uma asneira dessas!).
Eu rebato com argumentos (devo admitir que meio ríspidos, afinal fiquei meio revoltado pelo fato de um cidadão que se diz “músico” ter tão pouca noção musical assim), tento explicar a estrutura das músicas, quebras de tempo, virtuosismo dos músicos, e etc., e argumento também que não se pode basear os conceitos de bom ou ruim apenas no gosto pessoal, de que em tudo de que se gosta e bom e nem tudo de que se desgosta é ruim, mas parece que estou falando com uma parede. O “músico” não pareceu ter entendido nada. Por fim, ainda na parte da gritaria, tento uma última argumentação, cortada antes do final pelo Idiota:
- Mesmo que você considere Heavy Metal como gritaria, não dá para colocar Iron Maiden e Dream Theater no mesmo pacote com os outros. A elaboraç...
- Ah, esses sim são gritaria!
- Puta que pariu! Dream Theater gritaria? É outro com uma puta elaboração musical e você vem me dizer que é gritaria? (havíamos acabado de passar pelo cavalo morto...e eu estava me arrependendo de não ter pego o crânio, para poder jogar no cidadão!)
- Ô meu, não é pessoal, não precisa ficar nervoso (começa a fazer média e contradizer parte do que tinha dito)...
-Eu sei que não é pessoal, mas eu não concordo.

Depois disso ele vira para frente e diz algo como “Olha que bromélia linda! Esse nosso Brasil é mesmo muito lindo!”



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Capítulo VI - No Meio da Trilha II – Olha no que eu quase pisei

No carro o Inteligência-Mor comentou com a gente de que quando ele era pequeno no interior fazia guerra de bolinhas de cocô de vaca com amigos. E que era gostoso, o cocô era quentinho. E insistiu que era bom após ver nossas caras de reprovação.
Já perto do 2º pico, passando por um monte de cocô de cavalo (já bem seco, mais fibra do que meleca), ele abaixa, pega duas bolinhas e fica brincando, falando para a gente:
- Olha, não tem nada de mais!

E eu lembrei da piada do português que entra num bar com um monte de merda na mão e diz para os amigos: - Olha no que eu quase pisei!



...



Capítulo VII - No Topo

Chegando ao topo do Pico do Selado, e vendo o casal brigando (Parte1/5, 3ª e 4ª fotos) para chegar à outra parte do pico, a Besta diz:
-Para quê? Eu acho que não precisa. Para quê o cara vai querer ir até lá? Está bom aqui.

Existem basicamente três tipos de pessoas em relação a montanhas:
Aquelas que, pelo simples fato da montanha existir, querem chegar ao topo. De todas as montanhas;
Aquelas que não se importam;
E aquelas que dizem que não entendem o porquê de existirem alpinistas. Que dizem que alguém chegar ao topo de uma montanha só por chegar é uma idiotice, e que não vêem motivo nenhuma para isso.
E eu subi uma montanha com uma criatura que faz parte do 3º grupo.

Aliás, aposto que o mundo seria um lugar muito mais avançado se Colombo, Magalhães, Drake, Cook, Amundsen, Armstrong e etc. tivesse ficado em casa tomando chá e dizendo “Eu acho que não precisa. Para quê o cara vai querer ir até lá? Está bom aqui.”



...

Teve mais, bem mais, mas eu resolvi ficar só nas pérolas maiores.

20 Comments:

Blogger Marcão said...

A parte da máquina foi a melhor... parabéns Ros!
HAUHAUAHUAHUAHUAHUAHUAH
Principalmente pela paciência...

9:21 AM  
Anonymous Anônimo said...

Ele tem sotaque de carioca? Tem cara de que tem sotaque de carioca. E olha que eu conheço cariocas legais, mas esse aí evoca a pior imagem que eu faço deles.

E também me lembra o panelas, que envergonhou a todos na colação de grau.

Péssima companhia para uma escalada. Péssima. Me deu nervoso só de ler.

Hahaha

12:19 PM  
Blogger Ros said...

Obrigado Marco.

Não Paulo, não tinha sotaque de carioca.

2:11 PM  
Anonymous Anônimo said...

AHUAHUAHAUHAUAHUAHUAHUAHAUHAUAHUAHUAHUAHAUHAUHAUHAUAHUAHUA MINHA NOÇA CINHORA AINDA NÃO CONSEGUI LER O RESTO, PERA QUE EU VOU CONTINUAR

9:48 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ok, esse cara é uma besta de primeira categoria... como vc aguentou isso?????????

Pobre cavalo, que raciocinava mais do que esse sujeito e acabou morto feito um animal... hauhauahuahuahuahua

meu, eu tô rindo até agora, essa viagem vai ser inesquecível, vc devia agradecer a esse cara, Ros, ahuahuahauhauhauahuahu

9:52 PM  
Blogger Ros said...

Paulinha,

Olha, eu juro que eu preferia que não fosse.
E eu resumi bastante. O cara insistiu uma meia hora de que o Mercury era o carro do Freddy Mercury...

12:44 AM  
Blogger Pmugf said...

Você podia ter dito que era o carro da Daniela Mercury... Afinal, o rock com influências regionais é o estilo dele, né?

7:48 AM  
Blogger pita said...

ros...
essa sua amiga é surda? como ela passa impassível diante disso?
e como é que vc lembra de tantas coisas da conversa? eu teria apagado 5 minutos depois hehehe
ah sim, tb fiquei nervoso só de ler.
(hahahaha to rindo do carro da daniela mercury!... vc deveria ter falado que ele funcionava à base de mercúrio cromo! nossa, eu iria me divertir com esse cara falando essas coisas!)

12:09 PM  
Blogger Ros said...

Pmugf, Pita,

Droga, eu perdi as piadas... Hahahahahaha...
Se bem que essa do Mercury foi logo de cara, eu não estava preparado pro que viria depois.


Pita,

Não dava pra esquecer. Era tanta abobrinha que ficava martelando... Mas eu devo ter esquecido uma ou outra coisa menor (e omiti outras que não tinham tanta graça).

1:42 PM  
Blogger Marcão said...

HAUHAUHAUHAUHAUHAUAH
HAUHAUAHUHAUAUAHUAH

Daniela Mercury num V8
HAUHAUHAUHAUAHUAHAUHAAHU

"E qm é q sobe a ladeira? Sou eu sou eu..."

HAUHAUAHUAHUAHUAHUAHUAH
Num Mercury...

10:17 AM  
Blogger Pmugf said...

hahahahahah!
Muito bom, Marco!...
Ros, mais uma.

(Acho que da próxima vez que você viajar com um coitado desses, tem que levar a gente junto pra malhar o Judas...)

1:32 AM  
Blogger Unknown said...

ahuahuahuahauhauhauhauahuauauahuaha

olha o marco, acho que ele tá trabalhando demais

ahauhauhauaua

e eu concordo com o pmugf, hehehehe

12:06 AM  
Blogger Ros said...

Ah é? Levar vocês junto???

Vou descrever a imagem que tenho do que iria acontecer se vocês fossem junto:

Chegando na cidade (lá pelas 9:30, 10am) iria começar:
- Tô com fome.
- Vamo na lojinha?
- Chocolate em barra ou chocolate em rama? (repete durante 20min)

Carro estacionando na base da montanha (onde tem um Café que vende Erdinger e Bohemia Weiss), depois de uma breve argumentação ríspida dizendo que compras/comida e etc. são coisas para fazer depois da trilha:
- Tô com fome.
- Ah, acho que eu não vou... vão vocês que eu espero aqui.
- Eu também fico aqui.
- Que lugar horrível.
- Ah, isso não é para mim, eu tenho limitações físicas que me impedem se subir...

Caso a gente realmente entrasse na trilha, lá pelo meio da primeira parte (depois de uns 15-20min):
- Fome!
- Vamos voltar, já deu, foi o suficiente, eu estou com fome.
- Isso não tem graça nenhuma.
- Eu não consigo ficar tanto tempo sem comer, estou com fome!

>No restaurante, volta:
- Truta com maracujá ou com amêndoas? (repete durante 35min)

Isso sem contar que:
Vocês passariam a maior parte do tempo conversando entre vocês, nem notariam o cara chato ou as idiotices dele;
Em algum momento Pita e Pmugf iriam discutir a distância, e falar números absurdos;
O Pmugf iria discutir comigo sobre algum aspecto cultural horrendo da cidade que ele acha bom e eu não;
Eu provavelmente iria largar todo mundo e seguir sozinho.


Em resumo, para o bem de todos nós, acho melhor não...

12:47 AM  
Blogger Pmugf said...

Eu achei perfeito. Quando vamos?

A solução para os "problemas" apontados:
1. Não ofereça escolhas. Se isso for inevitável. Tome sempre a decisão, se possível a mais esdrúxula possível.
2. Convide a Oka. Garantia de ausência de reclamações posteriores e de momentos agradáveis nos "malls" de Monte Verde.
3. Se alguma discussão cultural surgir, NÃO DÊ TRELA.

...

Regrinhas de ouro.

Ah. E tenha sempre uma "muda" de sanduíches de atum na mão... Ou de pão com queijo-da-serra se você um dia chegar a ser tão chique como eu... hahaha.

1:27 AM  
Blogger Pmugf said...

Ah.

E quem quer truta com amêndoas? Chocolate é chocolate. Eu dou sorte se conseguir para a gasolina pra ir pra lá, quanto mais ir na lojinha.

... lembrando que a vida é um ajustar constante daquilo que você quer fazer com àquilo que os outros querem que você faça... ou suporte.

...

Agora eu fiquei mesmo com vontade.

1:33 AM  
Blogger pita said...

faltou um comentário sobre uma possível ida dos faumigos:

alguém falando repetidamente "achava melhor ter ido ver o filme do pelé" durante toda a subida.
(é provável que essa pessoa seja eu mesmo)

8:23 AM  
Blogger Ros said...

Pmugf,

"... lembrando que a vida é um ajustar constante daquilo que você quer fazer com àquilo que os outros querem que você faça... ou suporte."

Héin???
(não, não precisa explicar, por favor...)

3:44 PM  
Blogger Ros said...

Pita,

Ah é, eu esqueci do filme do Pelé, hahahaha...

3:46 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu gosto de escalar coisas.

Também acharia legal rafting, arvorismo e coisas relacionadas.

A Paula não aceita sequer andar no parque. hahahhaha

8:35 PM  
Blogger Pmugf said...

Ros, eu disse para NÃO DAR TRELA.
Falhou no primeiro teste.

12:16 AM  

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