quinta-feira, janeiro 26, 2006

23 de janeiro (Hoje e Ontem V)

23 de janeiro de 2006

Fui à FAU, verificar se havia alguma informação sobre as notas da matéria da Tia Louca (“Estruturas pra Projeto”, ou algo do tipo, uma optativa). Óbvio que não souberam me informar nada, porque a secretária do departamento ainda não havia voltado de férias (informações que já tenho agora). Mas enquanto eu estava na FAU à toa, só para gastar tempo e gasolina caiu uma tempestade pelos lados de cá, do Ipiranga e Cambuci, e na volta (fiz um caminho diferente, que nunca faço) havia uma rua no Cambuci completamente interrompida por causa de uma árvore caída. Ou melhor, arrancada pela raiz. Uma visão bastante interessante uma árvore com tronco de 1m de diâmetro caída sobreo Vectra que estava parado exatamente do lado dela. Quer dizer, interessante para mim, porque o garoto que era dono do Vectra não estava com a melhor das caras...
...
Ah, as fotos? Estão revelando junto com as das Mil Milhas. Assim que der estarão aqui.


23 de janeiro de 2003

Canterbury.
Essa é mais uma das cidades que possuem nomes hediondos em português, “Cantuária” (mas já vi “Cantuária” se referindo também à região e,m que se localiza Canterbury, Kent). Mas isso é outro assunto...
Havia chegado no fim da tarde do dia 22, e assistido uma missa (é, pois é... mas foi bastante interessante, e bem diferente do que eu conhecia daqui) na catedral. E achei que foi muito bom ter visto a Catedral sendo utilizada para a atividade para qual foi concebida, depois procurei algum lugar para jantar e em seguida fui dormir, portanto o dia 23 estava sendo na prática meu primeiro dia em Canterbury. Ao menos o primeiro de turismo. A nevesca prevista parece que não viria (já estavam falando dela desde meu 2º dia em Londres), mas já estava mais frio do que o normal.
Seguindo meu planejamento e algumas instruções dos donos do Bed & Breakfest em que eu estava alojado fiz de manhã uma visita à Abadia de St. Agostine, ou melhor, às ruínas normandas dela, de lá segui para um igreja saxônica, supostamente construída por volta do ano 1000 em cima de uma prévia construção romana (aliás, aparentemente as fundações da maioria das casas de Canterbury são romanas, ou ao menos tem restos romanos perdidos no meio)que ficava próxima da abadia, mas já bem distante do centro da cidade, mais de 1km fora dos muros, já no início da área rural.
De lá comprei uma passagem de trem para Dover, para ver o castelo, já que o ingresso já estava comprado em um pacote de ingressos que comprei quando vi Stonehendge uma semana antes, e fui andar um pouco pelo centro da cidade, procurando um lugar específico, uma casa do século XII, uma das mais bem conservadas da cidade, que hoje é um pizzaria (dica dos domos do B&B), e cujos donos não se importam de receber visitantes na casa fora do horário de pico.
Era para ser uma visita rápida à pizzaria, mas acabei conversando bastante com o dono, chamado Fernando, um nanico moreno imigrante das Canárias. Ele, apesar de simpático, poderia ser usado como exemplo de porque se diz que português é burro. Ainda lembro das pérolas que ele falou. Eis algumas (não vai sair com português de Portugal, porque faz muito tempo para eu lembrar palavra por palavra):
“A vida na Inglaterra é muito difícil... Os impostos são altos, e aqui em Canterbury é tudo muito complicado, eu pago £50 por mês (não lembro o valor, mas não era muito alto) para deixar meu carro estacionado, e só pode fora dos muros... e não se pode mexer em nada, eu não pude fazer o forno aqui...””Eu tenho um funcionário brasileiro aqui, mas ele só vem à noite. Ele comprou um passaporte português e veio trabalhar pra mim” Eu: “Comprou?” Ele: “Sim, um português vendeu pra ele, ele só mudou a foto e está usando...”
E a melhor (essa eu lembro palavra por palavra):”Os ingleses vem aqui e acham isso maravilhoso... Para nós em Portugal isso é para vacas...” (apontando para a estrutura de 800 anos do teto)

Depois de sair do “curral” corri para a estação de trem para pegar o trem das 13h pra Dover, cheguei 2min atrasado e o perdi. Andei mais um pouco pela cidade e cheguei 10min antes para o seguinte, das 14h. E esse trem só apareceu às 14h30. E foi nele que eu tive o segundo contato lusitano do dia. Sentei em um lugar vazio, sem ninguém no banco à minha frente ou aos lados, afinal o trem estava vazio. Depois de uma ou duas estações um homem de capa senta nos bancos à minha frente (aqueles reversos, que um fica olhando para o outro). E o celular dele toca (opa, celular não, telemóvel):
“Amoreco? Sim, já estou a iire para Dover. Sim, te aviso quando chegaire.”
Dois minutos depois o telemóvel toca outra vez:
“Amoreco? Sim, Amoreco, já estou a chegaire.”Depois de mais algumas ligações similares o português começou a ficar com cara de irritado. Numa delas disse “Amoreco? O telemóvel está ruim.” E desligou.
Mais alguns telefonemas (em 15min de viagem foram pelo menos 10 telefonemas) até que o português atende irritado:”Amoreco? Amoreco? VAI CAGAIRE! VAI CAGAIRE!”
Mas no telefonema seguinte ele já foi mais carinhoso... 14h45 chegamos em Dover. Desço do trem, e nisso, o português do telemóvel, desesperado por ver que a estação de trem não era perto do porto, resolve pedir informação para alguém (já haviam mais pessoas em volta). E me pergunta, em inglês, se eu sabia como se fazia para ir até o porto. Eu eu, que estava sentado na frente dele segurando as gargalhadas do telemóvel agora segurava também a vontade de responder em português... Mas acabei respondendo em inglês.

Da estação corri toda a cidade e subi o morro do castelo correndo, visto que este fecharia às 16h30. E a visita aos túneis da 2ª guerra já havia de encerrado. Cheguei às 15h, e não parei de correr até encerrar o horário de visitação, e ser um dos últimos a sair do castelo, junto com os funcionários.

Lá pelas 17h30 peguei o trem de volta à Canterbury, para minha última noite na Inglaterra, e jantei na pizzaria do português...

As ruínas da Abadia de St. Agostine e um pastel com penteado de inglês se sentindo em um encarte do Iron Maiden...


Mais abadia, e mais pastel, agora já despenteado...


Mais ruínas, com a torre da catedral no fundo (não, eram vizinhas, era bem longe)


Rua principal de Canterbury


Um dos portões de entrada da cidade através do muro... O melhor foi ver o motorista desse ônibos ajeitando espelhindo dele pra ir raspando, e acelerar despreocupado, com o outro espelhinho raspando do outro lado.


Dentro da pizzaria de 1200. Parte da estrutura do teto (para vacash).


O Portuga.

Continua com as fotos de Dover no post seguinte (ou melhor, anterior...)

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

acho q esse foi um dos seus melhores posts (ever)!!!!!!
morri de rir aqui do outro lado do hemisferio... na verdade, chorei de tanto rir (literalmente)!!!!
e, soh pra terminar, se a inveja matasse....
continua q estah otimo!!!
bjao da prima.

2:18 PM  
Anonymous Anônimo said...

confesso não consegui ler tudo disso... mas passando o olho no post eu via alguma coisa sobre "VAI CAGAIRE, VAI CAGAIRE", procede?

6:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

é por essas que eu defendo que nem todo brasileiro é alexandre frota... justifica as piadinhas sem incomodar a outra "parte"...

mas esse dia foi um "mega-combo" altamente justificável... hahaha.

3:41 PM  
Blogger Ros said...

Gil, volta e lê, porque essa é uma das minhas melhores histórias de viagem...
Apesar de que eu tenho certeza de que já te contei umas 20 vezes naquelas caronas de madrugada...

Repolho, nesse dia foi 100% da amostragem (eu estou contando também as esposas).

10:00 PM  
Blogger Ros said...

>

3:55 PM  

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