quarta-feira, dezembro 28, 2005

Natal - parte III - Os vinhos do Natal



Noite de 24:
Abrimos 3 garrafas de Alamos Viognier, um chute meu para tentar caombinar com a nossa comida de natal (basicamente Tender, Peru, Arroz com Passas ao Espumante).
O ideal para essa comida seria um rosé ou branco da Alsácia razoavelmente encorpado (Gewurztramminer, Pinot Gris ou Pinot Blanc). Pressupus, pelas descrições e pela não passagem por madeira que ele teria alguma semelhança com um Alsace, e realmente tinha. Não foi a combinação perfeita mas também ficou longe de brigar com a comida, como os Rhone do ano passado. E o vinho é realmente muito bom, especialmente a menos de R$30.
Mas o curioso a respeito desses vinhos foi a diferença que fez a rolha em cada garrafa.
A primeira garrafa tinha a rolha um pouco estufada e levemente infiltrada. Estava bom, mas perdeu o frescor em pouco tempo.
A segunda garrafa estava com a rolha perfeita. E o vinho estava espetacular. Muito mais vivo e aromático que o primeiro, e sem se alterar em nada até o último gole.
Na hora de escolher a terceira garrafa (haviámos comprado quatro, mas uma sobraria) optei por aquela que estava com rolha mais para fora, apertando a cápsula. E foi um garrafa intermediária entre a primeira e a segunda, tanto no estado da rolha quanto do vinho. Era nítidamente o mesmo vinho, mas em estados diferentes.
E pelo jeito ele deve ser bebido o mais jovem possível.

Almoço do dia 25:
Como eu não queria matar ó último dos Viognier com a mesma comida, já que ela merece algo mais apropriado (Peixe, definitivamente. Ou talvez o vacalhau da Páscoa), resolvi abrir um Ancelotta de Mantova IGT 1998, comprado in loco, primeiro por curiosidade com o local (terra dos avós maternos da minha mãe), depois por curiosidade com a uva (nunca tinha bebido um ancelotta) e por último pq era o mais barato dos vinhos sérios produzidos no local (11 euros, contra 15 de um Cabernet Sauvignon DOC e 23 de um Merlot DOC de vinhedo).
Tinha medo de que também não combinasse com a comida, como não fazia a menor idéia do que combinaria com esse vinho, e não queria que ele morresse de velhice (apesar das negativas do mantovano que me vendeu) por descuido meu resolvi abrir do mesmo jeito.
Tinha aromas muito fracos na taça, mas na boca deu pra notar ainda bastante açúcar (apesar dos 13,5º), umas leves bolhinhas e um amargor razoável (Presumo que seja produzido com uvas secas, tal qual o Amarone). Como os aromas estavam fracos, meu irmão sugeriu deixar descansar na taça, o que me pareceu lógico. Só que, depois de descansar, só restou o amargor, mais nada. O vinho estava morto mesmo. Resolvi então, pela experiência do dia anterior, verificar a rolha. E achei uma infiltração maldita, só em uma pequena linha, mas que ia até a frente da rolha. Eis a criminosa:

Me resta a dúvida agora se essa infiltração foi causada pelo armazenamento do vinho lá na sua terra natal, ou se foi pelos 2 dias que minha bagagem ficou extraviada em Chicago, com temperaturas sempre negativas.

...

Por causa da experiência natalina com as rolhas ontem eu resolvi verificar todas as rolhas "suspeitas" dos meus vinhos, tirando a cápsula ou fazendo um corte de inspeção nelas (nos primeiros vinhos foi uma tosqueira, acabei arrancando a cápsula de alguns, nos últimos o corte na cápsula foi minúsculo). E tive outra surpresa desagradável:
Um Riesling alemão, do Rheingau, colheita tardia parcialmente botritizado (Aüslese), comprado por R$47 no bota-fora da Mistral de fevereiro, estava com a rolha vazada. Muito vazada. E pelo jeito há muito tempo. O vinho tinha formado um crosta melada sob a cápsula.
E eu não fico chateado pelos R$47. Eu fico chateado pelo vinho. Vinhos alemães (os bons, não os "Liebfraumilch" e os "Piesporters" genéricos) estão entre os meus preferidos, e são difíceis de se encontrar (ao menos a um preço aceitável).
Resta agora abrir e saber se ainda está bebível, ou se vai ter que ir pra panela (hipótese bastante improvável... acho q vão beber mesmo se ele estiver uma droga).

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

rolhas, tampões... daqui a pouco vai rolar uma fralda geriátrica...

... e eu tenho uma história triste porém engraçada do meu dia 24...

te conto já.

10:53 AM  
Anonymous Anônimo said...

ah... isso de por objetos no scanner foi idéia de quem?

10:54 AM  
Blogger Ros said...

Minha, lógico.
Eu não tenho câmera digital, então tinha que ser no scanner mesmo.

A rolha ficou melhor no scanner do que ficaria fotografada.
A garrafa eu não queria ter colocado no scanner, mas não teve jeito.

Aliás, esse vinho scaneado estava meio passado e estragado, mas não ruim de tudo. Ao menos foi que eu achei (os que beberam junto poderiam falar melhor).

9:02 PM  
Anonymous Anônimo said...

é...
pelo jeito você gosta de ki-suco, hahaha...

...

uma mensagem pra avisar que chegamos...

10:15 PM  

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