Música Alta
Esse blog defende em seu direito democrático que ninguém deva pôr música em um volume que obrigue terceiros a ouvi-lás. Mas abriu uma exceção.
Estava parado, próximo a uma esquina, quando parou ao meu lado, por causa do trânsito do semáforo um Land Rover Freelander prata, novo. Janelas abertas, homem de uns 40 anos dentro, rádio absurdamente alto. Deveria ter ficado possesso. Mas o riff de guitarra pareceu agradável. O vocal e o resto do instrumental também. E, além de agradável, familiar. Era “Shadow On The Sun” do Audioslave.
Resignei-me a virar de costas e acompanhar com os pés, enquanto cantarolava baixinho.
E o autor desse blog também defende, em sua condição autocrática, que música, quando de qualidade, pode ser sim obrigada a terceiros.
Especialmente nesses tempos de Cansados fãs de Ivete Sangalo.
Estava parado, próximo a uma esquina, quando parou ao meu lado, por causa do trânsito do semáforo um Land Rover Freelander prata, novo. Janelas abertas, homem de uns 40 anos dentro, rádio absurdamente alto. Deveria ter ficado possesso. Mas o riff de guitarra pareceu agradável. O vocal e o resto do instrumental também. E, além de agradável, familiar. Era “Shadow On The Sun” do Audioslave.
Resignei-me a virar de costas e acompanhar com os pés, enquanto cantarolava baixinho.
E o autor desse blog também defende, em sua condição autocrática, que música, quando de qualidade, pode ser sim obrigada a terceiros.
Especialmente nesses tempos de Cansados fãs de Ivete Sangalo.
posted by Ros at 2:08 AM
12 Comments:
Eu queria sugerir uma lei que obrigasse os ônibus e microônibus de São Paulo a sintonizar apenas a Cultura FM.
Em todos eles tem colado uma desivo dizendo "proibido o uso de aparelhos sonoros", mas o próprio microônibus tem rádio e caixas de som ao longo do corredor. E fica sintonizado na Metropolitana, 89, ou rádios de pagode.
Gostei da idéia.
Colocaria junto no pacote a USP FM.
Só que eu acho difícil uma lei como essa passar.
E mais difícil ainda ser respeitada.
isso é relativo. música ruim com gente de cara fechada é chato mesmo. mas outro dia eu tava no carro e parou do lado um chevete daqueles caindo aos pedaços. o cara ouvia alguma porcaria (não lembro se era forró) bem alto, mas a cena do cara meio que cantando e dançando dentro do carro tava divertida. eu me diverti, e o fato de a música ser porcaria só complementava o quadro!
Pita,
Vc pegou um contexto trash-engraçado relativamente raro.
Forçando um exemplo baseado no que o Paulo escreveu, se o cara estivesse ouvindo Nativa, 89 ou Metropolitana aposto que vc teria achado irritante e nem um pouco divertido.
E parte da minha sugestão tem a ver com o fato da Cultura ser bancada com o dinheiro do contribuinte, mas só chega aos ouvidos da minoria que já tem o hábito de ouvir música erudita. Ainda mais agora que eles tiraram o Salomão Schwartzman e os programas de jazz da grade.
Uma naba do nosso dinheiro já vai pra Osesp, que apesar de muito boa, como difusora de cultura é uma grande porcaria. Uma parcela enorme dos ingressos é reservada aos assinantes, toda vez que tem um concerto com apelo mais popular na Sala São Paulo os ingressos somem em poucas horas.
E por último, razão prática: além de dificilmente a Rádio Cultura incomodar mortalmente algum passageiro, ela permite tranqüilamente que todos os que possuem mp3 players ouçam sua própria música com pouca ou nenhuma interferência de ruídos de axé/pagode.
O microônibus q eu pego todo dia pra chegarao meu humilde lar depois da labuta tá sempre tocando eldorado ou nova fm...
Dos males o menos (msm pq cultura fm não dá, sinto muito, depois de trabalhar das 8 e meia às 9 da noite é pedir pra acordar no terminal...)
Paulo, eu acho que sua idéia só ia estimular o estigma de que música clássica só serve pra ser fundo de elevador/ônibus... Mas pode ser válida. Difícil mesmo vai ser encontrar algum vereador que não tenha o rabo preso com alguma rádio populacha/evangélica...
A Eldorado é muito boa, e a Nova FM é um cocô. Mas nenhuma delas é pública, então não poderia ser institucionalizada.
Sem falar que, nessa linha, acredito que qualuqer votação iria escolher a Alpha FM ou Antena 1, o lixo do easy listening que em tese não incomoda ninguém. E mesmo assim ainda poderia gerar críticas por ser música americana principalmente.
Eu sinceramente não acho que um estigma de música de elevador seja prejudicial à música erudita no momento atual. Na verdade tanto faz.
E a pressão que o público carente poderia exercer sobre a rádio não seria necessariamente ruim. Talvez obrigasse a permear a programação constantemente com clássicos populares, o que é uma pena, mas poderia trazer benefícios futuros.
Quem sabe pra onde mandar minha sugestão?
SAC Da SPTrans:
http://200.99.150.163/sacsptrans/hRecInicial.aspx
Paulo, eu sugeria a USP FM no pacote por se tratar também de uma emissora pública.
...
Marco, aqueles que relacionam música erudita com música de elevador são caso perdido. E eu concordo com o Paulo. Na atual situação não faz muita diferença.
...
A Eldorado FM é boa. A Nova é um lixo.
Sobre a OSESP / disseminação de cultura:
Aqueles que procuram assistir uma apresentação da OSESP ou qualquer outro concerto já demonstram interesse em música clássica.
Seria interessante se fosse mais acessível, mas acho que a discussão concerne mais atingir também os que ainda não tem interesse ou conhecimento.
Eu gosto do que ocorre em Londres, com concertos nas igrejas na hora de almoço. Só que lá, de alguma forma as igrejas são públicas, visto que são subordinadas ao governo.
Aqui teriam que ocorrer em outros espaços públicos acessíveis e abertos, tal como os shows que ocorriam no vão livre do MASP anos atrás. O que leva ao grande problema dessa tentativa de disseminação de cultura, que é o risco de isso caminhar para uma “popularização” causada por interesses escusos, e culminar numa apresentação da Daniela Mercury para 10.000 pessoas pulando e ressonando o concreto.
Sobre a lei:
Pmugf, você indicou o SAC.
SAC é para sugestões, e se o Paulo, eu e você pudermos sugerir a Cultura e a USP FM, milhões vão poder sugerir a Nativa e a Metropolitana.
Eu acho que o caminho é indicar isso a algum político. De preferência inclinado a factóides conservadores (político inclinado a disseminação de cultura não deve existir).
Se apresentar como eleitor (ou grupo de eleitores) e pedir a criação de alguma lei nesse sentido.
E mesmo assim eu vejo problemas, já que o transporte de ônibus em SP não é mais feito por uma empresa pública.
E obrigar uma empresa privada a disseminar um certo tipo de cultura talvez não seja constitucional.
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